A formação do sistema auditivo é feita pelo órgão sensorial da audição, pelas vias auditivas do sistema nervoso e por estruturas cerebrais que realizam o processamento das informações sensoriais recebidas. Para que haja o perfeito processamento dessas informações, é necessário a integridade anatômica e funcional do sistema auditivo periférico e central. Sendo assim, esta integridade vai depender desde o perfeito desenvolvimento embrionário, passando pela maturação do sistema nervoso auditivo central, até a ausência de alterações a nível periférico e central.
Na presença de alterações auditivas periféricas e/ou centrais, o funcionamento do córtex auditivo fica comprometido, visto que a organização e reorganização dependem da estimulação auditiva. Quando há esse comprometimento, as redes neurais enfraquecem, havendo necessidade de intervenção para fortalecer e até criar novos caminhos através da repetição e sistematização de estímulos.
Essa nova entrada sistematizada através de estímulos sonoros conduz o cérebro a mudanças estruturais e funcionais, reforçando a conexão neural, pois a repetição de uma mesma tarefa propicia o aumento do número de sinapses.
Essa mudança é chamada de neuroplasticidade do sistema auditivo e ocorre pela capacidade plástica que o cérebro tem.
A plasticidade do sistema auditivo pode ocorrer de forma primária, secundária e por condicionamento. A plasticidade primária ocorre induzida pela perda auditiva, pois ocorre a reorganização dos mapas frequenciais, onde as frequências que ainda podem ser escutadas acampam uma quantidade maior de neurônios. A plasticidade secundária decorre da reintrodução do estímulo auditivo através do uso do aparelho auditivo e/ou implante coclear. Ainda, segundo esses autores, a plasticidade deste sistema ocorre também pelo condicionamento, que pode ser feito através do treinamento auditivo das habilidades auditivas.
Por muito tempo acreditou-se que depois de desenvolvido, o SNC se transformava em uma estrutura rígida, sem condições de modificação, e que as vias nervosas do cérebro adulto eram fixas e imutáveis. Seguindo este pensamento, seria impossível acreditar na reorganização das células. Atualmente, sabemos que não existe uma limitação de idade para que aconteça o processo de plasticidade. Portanto, o cérebro do indivíduo idoso também é capaz de modificar-se através da neuroplasticidade.
Fga. Patrícia Dias